Uma grave denúncia feita por moradores da comunidade tradicional Curva, em São Mateus do Maranhão, chamou atenção nesta semana. De acordo com relatos divulgados nas redes sociais, a área agrícola da comunidade foi alvo de uma pulverização criminosa de agrotóxicos realizada por drones.
O produto químico, que teria sido utilizado com o objetivo de eliminar ervas daninhas como unha-de-gato e sabiá, acabou destruindo plantações de feijão, árvores frutíferas e outras culturas essenciais para a subsistência local. As famílias, que dependem da terra para sobreviver, agora enfrentam uma situação de insegurança alimentar.
Um dos agricultores atingidos descreveu o impacto em um depoimento emocionado: "Fui à minha roça ao meio-dia e vi tudo destruído. Meu feijão estava tão bonito, quase pronto para colher. Agora, não sobrou nada."
Responsabilidade e Contexto.
Os moradores apontam como responsável pelo ataque um fazendeiro que teria adquirido terras na região e estaria recorrendo a práticas agressivas para pressionar as famílias a abandonarem seus territórios tradicionais.
Infelizmente, este não é um caso isolado. Segundo dados de 2024 coletados pela RAMA, FETAEMA e LEPENG/UFMA, 231 comunidades de 35 municípios maranhenses foram afetadas por pulverizações aéreas de agrotóxicos. Além de comprometer as lavouras, essa prática prejudica o meio ambiente e a saúde pública, contaminando rios, riachos e poços, além de provocar a morte de animais e intoxicações em humanos.
No Território Alegria, em Timbiras, situações semelhantes foram registradas, com denúncias de contaminação e avanço de plantações de soja próximas às residências, em alguns casos a menos de dez metros das moradias, desrespeitando normas de segurança e saúde.
Exigências por Justiça Ambiental.
A comunidade Curva e organizações que defendem os direitos dos povos tradicionais exigem ações imediatas do poder público e das autoridades competentes para investigar e responsabilizar os envolvidos. Além disso, reforçam a necessidade de proibir a pulverização aérea de agrotóxicos no estado. Movimentos sociais e ambientalistas ressaltam que a luta por territórios livres de veneno é essencial para a preservação da vida, da saúde das comunidades e do meio ambiente.
Campanha “Chega de Agrotóxicos”.
A denúncia reforça a importância de iniciativas como a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, que busca conscientizar sobre os impactos dessas práticas e promover a agroecologia como alternativa sustentável.
Fonte: Comunidade Curva