Se percebo algo, certamente esse existe; Se não o percebo continuará existindo?


Ser é ser percebido, Dizia George Berkeley (1685-1753). De imediato podemos concluir que, quem  ou o quê não é percebido não existe.Será? Não é bem assim.

Afirmar que a matéria não existe parece loucura a primeira vista, mas é o que propõe o imaterialismo. Seu formulador, o irlandês George Berkeley (1685-1753), foi massacrado pelos críticos da época apenas por afirmar com outras palavras, em 1710, que o mundo não existe enquanto substancia fora de nós, consequentemente afirmando que uma parte gigantesca dos filósofos e cientistas no geral como Locke, Aristóteles, Descartes e Newton estavam simplesmente errados.

Considere as seguintes questões

– Quando uma árvore cai em floresta completamente deserta, ela faz barulho?

– Quando saio do meu quarto, meu criado-mudo continua existindo ou ele deixa de existir quando não há ninguém por perto?

A resposta óbvia é que essas coisas não dependem de nós para existir ou acontecer. Mas Berkeley foge completamente do óbvio, para ele tudo que deixa de ser percebido deixa de existir, partindo de um os princípios que sustentam sua filosofia, (ser é ser percebido). Para entender melhor, o paladar somos nós que fabricamos porque o vinho não tem gosto, o cheiro somos nós que fabricamos porque o mundo não tem cheiro. Se colocar um óculos de lente vermelha, tudo que tu olhar será vermelho. Então de certa forma, todas as percepções e experiências sensíveis partem de nós mesmos.

Ele concluiu isso após constatar que é simplesmente impossível provar o contrário.

Chegamos então ao primeiro grande problema, se não existe mundo externo material e tudo é conteúdo de nossa mente, como podemos diferenciar o imaginário (ter lembranças do meu gato) da realidade (encontrar meu gato)?

Ora, mas é tão claro, as coisas que chamamos de realidade material são as ideias que se apresentam de maneira mais intensa e que são independentes da nossa vontade.

Com isso, Berkeley ainda tinha outro abacaxi para descascar. Afinal, como explicar que as coisas ainda existam enquanto não tem ninguém por perto? Como explicar que a árvore faz barulho quando cai numa floresta deserta? Como explicar que o criado-mudo continua existindo mesmo quando saio do quarto? Já que nesses casos ninguém está percebendo esses acontecimentos.

Ele nos oferece duas respostas, a primeira sendo clara e simples e a segunda sendo muito mais interessante:

– Essas coisas continuam acontecendo e existindo porque uma mente superior (Deus) está as percebendo, já que é onipresente.

– Ser não é apenas perceber, mas poder perceber.

Ou seja, quando não estou em meu quarto, sei que meu criado-mudo permanece porque posso voltar lá e percebê-lo. Mais precisamente, a realidade das coisas externas é a garantia de que podemos ter a experiência perceptual com elas.

Ainda acha que são devaneios tolos? Berkeley era o filósofo preferido de David Hume, foi citado com louvor por Schopenhauer, Bertrad Russell, Karl Popper e até mesmo o matemático John Nash, o mesmo do filme uma mente brilhante. Se ainda assim você ainda ri dessa filosofia, tudo bem, um dia já riram de Galileu e Copérnico também. No mais, tente refuta-lo e rapidamente verá porque o imaterialismo de Berkeley é um verdadeiro marco na história do pensamento.

Por Ismael Silva. 
Filosofia e Pedagogia, Especialização em Informatica na Educação e Medologia do ensino em ciências humanas. Técnico em controle ambiental. Professor; Co-fundador do Blog do Catequista. Estudante do curso "Técnico em Comunicação Visual." Autor de artigo publicado voltado para educação/alfabetização "A criança que se faz em casa".

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